IMPRENSA LIVRE E ÉTICA
Depois do pesadelo Prandinista, no que tange à sua relação
com a imprensa escrita, (basta lembrar da saga protagonizada pelo prefeito
anterior x A Notícia) veio-me à lembrança algumas reflexões sobre a importância
do chamado 4º poder: A IMPRENSA.
Embora a Constituição brasileira garanta o direito à
informação, dispondo que é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença, toda vez que um editor procura
um órgão público governamental para oferecer seus serviços, sempre tem que
estar preparado para ouvir um não, inquisições absurdas sobre o seu
posicionamento político-partidário ou
críticas a determinado artigo picante editado por aquele órgão de imprensa, o
que não agradou aquele que foi posto no cargo público pelo voto popular. Pior é
quando, quem fala o que quer, nunca se encontra à disposição para dar satisfação
ao jornalista . Desta feita, acaba lendo aquilo que não quer ler, muito menos
ouvir.
A verdadeira limitação imposta à imprensa, advém do fato
de que os órgãos de imprensa são também empresas, necessitando portanto, de
anunciantes privados e também do patrocínio público. Assim sendo, “não podem
criticar duramente aqueles que a mantêm” sob pena de perderem boa parte de suas
verbas publicitárias. Elas funcionam como uma forma de pressionar o jornalista
mais crítico, fazendo-o permanecer em silêncio, ou então, fechar as portas.
Aí é que reside a verdadeira censura à imprensa: as
denominadas verbas publicitárias dos entes públicos ou privados que podem ser
suprimidas ou aumentadas de acordo com as posições adotadas pelo veículo de
comunicação
Não deveria ser assim. Veja-se que, por um lado, a
Constituição Federal no art. 220 e seus parágrafos, dispõe que a manifestação
do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma,
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição. Ela Veda ainda toda e
qualquer censura de natureza política, ideológica e artística, determinando que
nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade
de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social.
Sou contra os censores, mas acredito que pessoas que
labutam na imprensa sempre devem ter o cuidado de não pré-julgarem e/ou
destruírem moralmente pessoas que, posteriormente, se descobrirem não serem
responsáveis pelas acusações que lhes são impingidas de forma espetaculosa, poderão
acionar o Ministério Público e aí...
Nota-se portanto, que os trabalhadores da imprensa tem
consciência do grande poder que possuem. Por intermédio de seus veículos, podem
inocentar ou punir alguém. Muitas vezes a punição psicológica ou moral deixa
marcas tão profundas na vida dos acusados, que nem mesmo a posterior prova de
sua inocência ou o tempo conseguem apagar.
Sendo assim, seria bom os legisladores criarem um projeto de lei que
obriga o executivo a aplicar, proporcionalmente e indiscriminadamente, em todos
os órgãos de imprensa da cidade, aquela verba destinada à veiculação de anúncios
e propagandas daquela administração. Se levarmos esta reflexão para outras
áreas, veremos que empresas como a Vale, por exemplo, tem um convênio com todas
as academias de ginásticas para seus funcionários . E não é ela nem o servidor
que escolhem a academia; é o sistema. Da mesma forma, podemos exemplificar as
empresas de psicoténico para habilitação de motoristas. Você paga, mas é também
o sistema que indica, proporcionalmente, quem vai atendê-lo.
De outra forma,
aquela administração pública deverá colocar a sua assessoria de gabinete
e de imprensa para trabalhar e não para distribuir a “bel prazer” ou à base do
“tomaládacá” as verbas publicitárias.
Finalizando, todo órgão de imprensa e todo trabalhador
além de serem consumidores também são contribuintes, mas o que se observa em
nossa sociedade são críticas àquela administração pública, que tem gastos
exorbitantes de verbas publicitárias somente com tais órgãos de imprensa,
enquanto os outros estão a ver navios.
Esta relação precisa ser repensada...
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