“GOMARÁBICA”
Rapaiz ! ... como diz um
amigão sinuqueiro, o famoso Mário Boquinha, aquele mesmo da auto escola
conquista ... ao ler o blog do colegão das antigas, grande inspirador das
minhas escrivinhações, Wir, sobre o grude, lembrei-me da “gomarábica”.
Lembra-se ? Era aquela cola cremosa, que até hoje é utilizada também nos Correios para se colar os selos.
O mais interessante é que a famosa cola ainda existe,
mas ninguém usa este termo: goma-arábica. Mas, como sou bastante curioso,
acabei por pesquisar o porquê deste nome e suas várias utilidades. Vejam:
O uso da goma-arábica vem pelo menos desde o Antigo Egito,
onde era utilizada na confecção de cosméticos e de perfumes e como ingrediente no processo de mumificação.
Depois de cair em desuso durante alguns séculos, a goma-arábica era inicialmente
trazida para a Europa por caravanas trans-saarianas, atingindo um elevado
preço. O seu uso generalizado apenas foi redescoberto pelos europeus da Época
dos Descobrimentos, que a partir do século XV passaram a adquiri-la na costa ocidental africana,
tendo sido um dos primeiros produtos africanos a ser comercializados na Europa.
A sua importância comercial foi tal que no século XVII deu origem à Guerra da Goma, opondo franceses, holandeses, portugueses e
britânicos na luta pelo controlo da região costeira da atual da Mauritânia e
Senegal. Desse conflito resultou a constituição de um verdadeiro monopólio
francês no comércio de goma-arábica para o mercado europeu.
Sendo uma mistura complexa de polissacarídeos e de
glicoproteínas, a goma-arábica não tem uma composição constante, variando
consoante os lotes e as origens, o que dificulta o seu uso em situações em que
se pretenda uma absoluta homogeneidade ou se pretenda obter sempre as mesmas
características físico-químicas. Por essas razões tem vindo a ser substituída
por outros produtos, na sua maioria de síntese química, em muitos usos
industriais em que a toxicidade não seja problema, particularmente na feitura
de colas e tintas. Contudo, por ser edível e barata, continua a ser o produto
de eleição para usos agroindustriais e na indústria de confeitaria e de bebidas
gaseificadas. Constitui o principal ingrediente em pastilhas elásticas e
guloseimas semelhantes e é o aditivo dominante na indústria das bebidas
açucaradas, incluindo os sucos de frutos reconstituídos.
Também a indústria farmacêutica recorre à goma-arábica
como espessante para xaropes e para confeccionar cápsulas e recobrimento de
comprimidos, bem como meio aglomerante e dispersante de princípios ativos
pulverulentos.
É também um ingrediente importante nas graxas e lustros utilizados para polir calçado e outros
artigos em couro e nas colas utilizadas em envelopes e selos, as quais
podem ser lambidas sem risco. É igualmente utilizada na indústria tabaqueira
para colar papéis de cigarros e para engomar as folhas de tabaco utilizadas em charutos e composições semelhantes.
Para além do seu uso alimentar e como meio de dispersão
em medicamentos, a goma-arábica é também utilizada em tintas e em diversas
técnicas no campo da litografia e das artes visuais.
Em litografia a goma-arábica é usada para proteger as placas
gravadas durante o processo de transferência da imagem, impedindo que a tinta
preencha os espaços que se pretende deixar brancos. Na litografia clássica, com
travertino, a goma impedia a absorção da tinta e permitia a criação de uma
escala de cinzentos, impossível de obter por simples gravação.
Um dos primeiros usos da goma-arábica foi como espessante e ligante em aguarelas e em tintas utilizadas em arte. Nas
técnicas baseada no uso da goma-arábica, uma solução aquosa dos pigmentos a utilizar é espessada com a adição da goma
pulverizada até atingir a consistência pretendida. Ao secar, a goma atua como
ligante, mantendo os pigmentos fixos no suporte e impedindo a oxidação dos
pigmentos e a consequente alteração da sua cor.
Uma técnica semelhante foi utilizada em fotografia,
numa técnica denominada de fotografia a bicromato, Nessa técnica, goma-arábica
é utilizada para fixar ao papel uma emulsão contendo bicromato de amónio ou bicromato de potássio, criando
uma superfície sensível à luz, incluindo à sua componente ultravioleta.
A técnica foi utilizada extensamente em fotografia artística.
Em pirotecnia a goma-arábica é utilizada como ligante solúvel em água para agregação dos compostos
utilizados para dar cor à chama dos efeitos pirotécnicos.
Em resultado da ligação entre o Sudão e Osama bin Laden a produção de goma-arábica naquele país foi objeto de
várias notícias durante o ano de 2001, em
resultado de terem circulado rumores de que Bin Laden seria proprietário de uma empresa que
produziria parte considerável da goma-arábica produzida naquele país. Em
resultado, algumas empresas americanas que utilizam goma-arábica passaram a
utilizar a designação de "gum acacia" (ou goma de acácia) nos seus
rótulos.
Legal, hein. Resta saber se, na Guerra da Goma, cada um tirou um gomo para si.
ResponderExcluirAbraço.