AINDA HÁ ESPERANÇA?
Eu tenho um ideal e, às vezes, sonho com dias
melhores. Sei que a minha profissão é a mais correta em um país mais que
errado. Sei que a escola que prepara pessoas oprimidas como muitos de nós,
infelizmente, prepara também o opressor.
Escuto piadinhas das quais não posso
rir, vejo jovens se perdendo nas graças das desgraças ... e o que posso fazer é
ensinar, tentar mostrar caminhos, verdades, sentidos para tudo; mas ao tocar do
sino, a torcida barulhenta e o alivio da maioria faz tudo não ter sentido algum.
Eu também estou me cansando disso .
Tenho que me acostumar com pouco dinheiro, pouco tempo
e muitas contas. Tenho que querer muito quando quase todos não querem nada ...
inclusive, os seus pais, que delegaram a mim até o que é de sua obrigação.
Tenho que não ligar para os dedos cruzados que pedem a
minha falta, seja por doença ou por outros motivos. Quando chego em casa,
tenho que doar para a família do corpo e da mente, o que sobrou.
Sei que sou um agente capaz de mudar as injustiças
sociais. Sei também que faço parte de um grupo de formadores de opinião, mas
não sou capaz de convencer os governantes de que é preciso valorizar a minha
classe, uma vez que apenas 2% dos vestibulandos pretendem ingressar na
carreira do magistério.
Pertenço a uma estranha classe de semideuses imortais,
que morrem todos os dias, bimestre a bimestre, ano a ano...
Só sendo
para ser, para crer, para querer mudar o que é torto desde 1500 ... E ter
apenas um super poder: o de querer, de lutar, continuar teimando em ser,
mas só por mais um pouquinho de tempo ... Ser
professor!
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