POR ONDE PASSA A QUALIDADE
DA EDUCAÇÃO
No dia 03 de Julho do ano
passado, estreei na blogosfera com o
artigo abaixo: “EU, VOCÊ, TODOS PELA EDUCAÇÃO”. Naquela época, estávamos no 25º
dia de greve. Confesso que ainda assim nutria certa esperança de que haveria uma luz no fim
do túnel; que dali a pouco a greve se encerraria, mesmo que fôssemos “mais ou
menos” atendidos em nossas reivindicações; enfim, que haveria um acordo legal.
Ledo engano. Depois de 63 dias parados, retornamos sem termos avançado um passo
sequer nas negociações. “Pagamos?” os dias parados. Sacrificamo-nos,
sacrificamos nossos alunos e seus pais; enfim, sacrificamos até o processo
ensino-aprendizagem. Somente não enxerga isso aquele que não quer ver ...Tivemos
que entrar na justiça para fazer valer os nossos direitos. A administração
municipal, embora reconhecesse a lei Federal 11.738, que trata do Piso Salarial
Nacional da Educação, não moveu uma palha sequer, seja para buscar recursos
federais, seja para “apertar os cintos”, uma vez que já se gastava 97% do
FUNDEB com folha de pagamento, quando só se podia gastar 60%.
Hoje, vemos que nada mudou. Ao
contrário de uma tênue esperança, deparamos com uma total descrença nos
políticos, principalmente na esfera federal, pela sua Omissão. Será que só os
Estados e Municípios conseguem enxergar que não dá para aplicar esta lei sem
que haja maiores investimentos na educação? Ao que nos parece, esta lei foi mais
um engodo eleitoral, onde cada um lava as suas mãos pilaticamente.
Enquanto isso, o governo federal
“faz a sua parte mal feita”, editando projetos que visam a qualidade de ensino,
para aumentar o IDEB, para “fazer bonito” diante de organismos internacionais,
querendo mostrar-lhes uma educação de primeiro mundo ... QUE NÃO EXISTE!. E
agora, vai “doar” tablets para alunos e professores para quê? Professor precisa
de salários dignos, para que, quando aposentar “com 60 anos!”, possa realmente
descansar e não, fazer outros bicos, como muitos tem feito para completar a
renda...
Por tudo isto, se toda a classe
política não entender que é preciso, primeiramente, se MOBILIZAR para fazer
valer a lei do piso nacional de salários do profissional do magistério, dentro
em breve, o professor será definitivamente uma classe extinta.
... E a luta? Continua?
"Eu, Você, Todos pela Educação"
Recentemente,
o Governo Federal passou a usar esse marketing para se referir aos projetos
pela educação de qualidade. Tentava-se, na verdade, tapar com a peneira da
hipocrisia, erros que são mais possíveis de serem consertados, a princípio, de
cima para baixo, para depois partir para o coletivo. O governo do Gustavo
(também acho quer os Prandini não têm nada a ver com a patacoada que se tem
visto por aqui!) também resolveu aderir a tal marca, por meio da qual se
procura “atacar” os pais, colocando-os como os maiores responsáveis pela
indisciplina e fracasso escolares de seus filhos. Acho, sim, que boa parte da
culpa é dos pais, que não foram preparados para os novos tempos auspiciados
pela mudança de mentalidade. Muitos colocam uma armadura de proteção nas
crianças e nos adolescentes, principalmente por meio da criação do Estatuto da
Criança e do Adolescente, impedindo-lhes de continuar a encarar, de frente, as
dificuldades para se alcançar uma maioridade responsável. Mas, daí, a fechar os
olhos, como toda a classe política, para os problemas emergentes da educação,
assumindo uma postura de descaso para com as questões salariais dos professores
é o fim da picada; enfim, esquecer de planejar para aplicar o que está escrito
na lei desde 2008, é agir como um fora-da-lei.
Os
horrores acima mencionados têm contribuído, e bastante, para a desvalorização
do EDUCADOR como ser humano e, portanto, digno de respeito. Enfrentamos,
“secularmente”, a humilhação de um salário minguado. Muitos dos que hoje detêm
o poder não se lembram que, para terem chegado onde chegaram, tiveram que se
assentar em um banco escolar e precisaram de um professor. Pior ainda é
quando um professor se assenta em uma cadeira de secretário da
educação e não enxerga um palmo à frente do nariz, preocupando-se apenas
em atender aos próprios interesses e vaidades, traindo, renegando à sua classe,
esquecendo-se de que o “poder” é passageiro.
Somos
considerados agentes formadores de opinião. Mas chega uma hora em que nos vemos
envoltos em um manto de desesperança, que nos faz chegar a uma deprimente
conclusão: se não conseguimos sensibilizar os governantes, aqueles que têm na
ponta da caneta uma solução para nossos anseios, o que vamos dizer para nossos
alunos quando nos perguntarem o porquê do insucesso de nossa luta?
Essa luta
por melhores salários está se transformando em uma válvula de escape da
descrença. Descrença nos políticos de todas as esferas, desde os que fazem as
leis aos que as executam. Não se pode ter esperança em dias melhores diante do
caos em que vivemos. O que se precisa é de respeito humano, sem que haja
necessidade de revolta.
Não se
pode ter educação de qualidade apenas gerando projetos e planos mirabolantes. É
preciso de educadores que se sintam valorizados, alunos receptivos, pais
conscientes e governantes comprometidos. Sendo assim, resta uma pergunta:
Se os governantes não estão nem aí, quem está pela Educação? Com certeza,
sobrará para nós, “sacerdotes sempre de plantão”, que a qualquer momento
teremos que ser sacrificados na “fogueira da inquisição” por estarmos
reclamando de barriga cheia.
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