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quinta-feira, 29 de setembro de 2011


“ Um tempo distante. Um tempo diferente.”

Depois de tanto tempo, o trem voltou a circular. E olhando pela janela as paisagens que rapidamente vão ficando para trás, é impossível não fazer nesse momento uma retrospectiva dos fatos acontecidos há muitos anos, que parecem tão longe de nós, no tempo! No entanto, não é apenas porque aconteceram há tanto tempo que parecem longe de nós. Esse tempo parece distante porque é um tempo muito diferente do nosso.
E lá vai o trem ...




No princípio e meados do século passado  a nossa terra se diferenciava muito do que é hoje: não possuíamos tantas indústrias nem prédios; o meio de transporte era o trem e ninguém rodava em automóvel; quase se desconheciam estradas de rodagem, porque havia carência de rodas. Nos sítios percorridos atualmente por automóveis deslocava-se o carro de boi, pesado e vagaroso, a charrete ou a carroça; o bar do Bio, que hoje é Búfalo Bill; 



o rádio não anunciava o encontro do MEC( Monlevade Esporte Clube) com o Valério, porque ainda nos faltavam o rádio, o MEC ( que também já não exite mais )e o Valério; existia o morro do Géo e o morro do cassino, que se tornou o morro do Rampa’s, sendo hoje apenas  um morro. Havia duas pontes de madeira que se transformaram em uma ponte de concreto armado e uma ponte pênsil; o lactário fabricava o mingau para as crianças, hoje compra-se o leite na padaria...
Como era diferente aquele tempo!


Os limites dos terreiros das casas não eram impostos por muros altos, e sim, pelo respeito à propriedade alheia. As crianças e adolescentes estudavam e engraxavam sapatos, capinavam lotes, levavam marmitas à Belgo, enceravam as casas das “madames", vendiam doces e salgados pelas ruas, enfim, elas trabalhavam para ajudar no sustento da família... hoje, elas são proibidas de trabalhar, mas também não querem estudar.




A vida era tão diferente!

Para nós já é difícil imaginar céu sem avião, casa  sem televisão. Imaginem  o que era não ter energia, aquela limonada geladinha para se refrescar no verão...Os homens daquele tempo, e as mulheres, destinadas a serem apenas a rainha do lar, namoravam como os jovens de todos os tempos...só que de acordo com as normas da época... e, muitas vezes, as praças eram o ponto romântico para o encontro; hoje ... não se fazem mais “praças” como antes...

Esse tempo tão longínquo e tão diferente do nosso parece ficar mais perto quando abrimos um livro de memórias ou quando nossos avós contam as histórias que ouviram de seus pais ou de seus antepassados.

Mesmo distante e diferente,  esse tempo está de alguma maneira presente em nosso tempo, como as vidas de nossos avós, e dos avós de nossos avós, estão de alguma forma presentes em nossas vidas.

Não podemos mudar o que aconteceu há tantos anos.  Mas, podemos conhecer esse tempo, tempo de trabalho, tempo de construção...




De uma coisa temos certeza: conhecer um tempo distante e diferente é sempre uma aventura fascinante, e pode ser também uma das formas de descobrir como construir, com as nossas vidas, um tempo melhor, um tempo diferente.

E ... lá vem o trem, correndo pelos trilhos da Monlevade de hoje, levando essa personagem de dois rostos chamada MONLEVADE. Talvez, seja possível ainda ouvir a voz de alguns meninos a gritar:  - Boiiieeeiro!

Talvez, não fossem necessárias tantas explicações... Os poetas conhecem a magia de dizer com poucas palavras porque sabem o segredo de fazer compreender com o coração. Por isso peço por empréstimo um verso de Cecília Meireles, poetisa nascida nesses tempos distantes e diferentes:




“ As coisas acontecidas mesmo longe,
ficam perto para sempre e em muitas vidas...”

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