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sexta-feira, 10 de maio de 2013


DE MOCINHO A BANDIDO



Talvez soe mal esse título, mas foi o que veio à minha cabeça, ao confrontar opiniões da mídia  sobre os servidores públicos e seu movimento grevista com as mazelas politiqueiras do administrador atual da prefeitura. Entre tantas verdades relativas sobre deveres e direitos do servidor, com as quais convivo há 37 anos, na prefeitura, não seria de admirar quaisquer críticas e reclamações que venham à tona ... A questão maior é elas aparecerem, como que se quisessem justificar o 0% de reajuste e, principalmente, pelo drama que vivemos relacionado à valorização do servidor público; apesar de que maus servidores existem também nas empresas privadas.  Mas, quando se fala em servidor público, estamos falando daquele trabalhador, cujo patrão é o POVO, a quem ele tem o dever de agradar.

Entretanto, há que se considerar que todo servidor muda de chefe de 4 em 4 anos, de modo que não muda só o executivo, uma vez que o executivo traz consigo aspones , cabos eleitorais e agentes políticos, que na maioria das vezes não conhecem a dinâmica do trabalho e, por isso, acabam batendo de frente com aquele servidor de carreira, perseguindo-o; isto quando não o encosta em outro setor ... Já pensou se não existisse concurso público para garantir estabilidade de emprego para aquele servidor? Por causa do abuso de "chefes-políticos-passageiros-inecrupulosos é que se criou o concurso público. Além do mais, o servidor de carreira acaba sendo obrigado a servir diretamente àqueles paraquedistas cheios de vaidades pessoais ... Agora, se aquele servidor está "morcegando", há uma arma que derruba sua estabilidade:  O Processo Administrativo.

Quando há uma greve no serviço público, com certeza, o primeiro a ser atingido é o povo. O povo, uma vez prejudicado, não tem que cobrar de seu "EMPREGADO" e, sim, daquele que foi eleito por ele, como seu legítimo representante. Aliás, pressupõe que o seu projeto político também foi eleito. Um detalhe: Nós, servidores, somos o povo também. Nós também elegemos  nossos administradores ...

Entremeio ao movimento grevista, surge aquela ideia de que a greve é política, muitas vezes confundida com greve por oposição partidária; o que não é o nosso caso, uma vez que não tem ninguém empunhando bandeira de partido político. Qual greve não é política? Política por melhores salários, por respeito e valorização do trabalhador ... Por outro lado, algumas atitudes do atual prefeito sempre nos levam a crer que o mesmo vislumbre algumas vantagens políticas em determinadas ações. Isto já é politicagem...

A questão do impasse negocial entre prefeitura x sindicato  tem que ser levada para toda a comunidade, e de forma imparcial, porque é a comunidade que perde com qualquer espécie de paralisação. Por isso, haverá sempre atitudes do “não-serviço” por parte dos servidores, no sentido de fazer o povo reclamar com o seu eleito sobre o  mau atendimento nos diversos setores da administração pública ... E isto é LEGAL! A greve é LEGAL! O movimento grevista é a única arma contra a intransigência, a enganação ...

O fato de metade do orçamento ser gasto com folha de pagamento é algo muito sério. Mas é bem visível que quem mais se aproveita dessa verba são os famosos cargos comissionados (aspones e cabos eleitorais), que são os cabides de emprego de uma prefeitura, onerando os cofres públicos com rescisão de trabalho, de quatro em quatro anos. Quanto ao resto, é o velho ditado: Se você não consegue tratar de 10 filhos, para quê adotar mais 2? E, pelo que se sabe as admissões não param ...

E assim, a novela continua … só muda o autor… O Prefeito atual está tentando, como o seu antecessor, enganar o povo, dizendo que já paga o PISO, que o orçamento da prefeitura não comporta e até dizendo aos pais para enviarem seus filhos à escola, para desmobilizar o movimento grevista; o que tem conseguido, levando-nos a mudar de estratégia: Operação Tartaruga. Ao meu ver, incomodará muito mais e trará problemas incontornáveis para todas as partes, comprometendo a excelência de nosso trabalho.

Outra questão polêmica é o nosso plano de carreira. Ele só pode ser concretizado, a partir do cumprimento da lei 11.738 que dispõe sobre o pagamento do piso nacional de salários do magistério, com retroação a abril de 2011. Só que os nossos administradores se esquecem que a lei federal 11.738 tem que ser aplicada com base no nosso plano de carreira atual (lei 920/89). Ela manda aplicar o piso na base (P1). Por isso o prefeito anterior tentou derrubar a lei 920/89, empurrando tal proposta idiota à câmara; o que não conseguiu. E hoje? O atual conseguirá? Conjunturas atuais à parte …

Se antes de 2011, aquela diferença do P1 ao P6 era de 120%, hoje ela está em torno de 30%; ou seja, o arrocho salarial já vem acontecendo há dois anos. Se permitirmos a política salarial da administração atual, dentro de, no máximo, dois anos, ninguém precisará ter formação acadêmica para ser professor. Esta é a política do governo estadual, que está sendo copiada pelo municipal. 

Naquela época, em 2011, tínhamos a consciência de que a aplicação da citada lei federal era impossível, uma vez que só a folha de pagamento de professor teria um acréscimo de 60%; mas a citada lei orientava para que as prefeituras solicitassem aumento de repasse do FUNDEB, caso não tivesse recurso. Mesmo assim a administração não se dignou a buscar os recursos da lei. Desta forma, decidimos entrar na justiça, uma vez que a proposta da prefeitura era de arrocho salarial, fazendo com que perdêssemos muitas vantagens. Por isso, não tivemos reajustes salariais, desde então,

Atualmente, a prefeitura está se negando a reajustar nossos salários em 5% a partir de Março + 5% a partir de Julho, enquanto a verba do  FUNDEB  foi reajustada em 13% – média dos 3 primeiros meses. O que deveríamos pedir, atualmente - que não é aumento! - seria o reajuste salarial a partir de janeiro (9.78%), conforme manda a lei. No entanto, a mídia não pediu para o prefeito explicar tal dificuldade, fazendo-nos acreditar que o prefeito  fez uma caixinha durante os 3 primeiros meses, deixando todos os setores públicos na mão, para pagar uma dívida pública (a longo prazo) de 11 milhões. Por isso, nos oferece zero % de reajuste.

Esta mesma mídia já está questionando: vale alimentação, vale-transporte, o fato de a administração gastar metade do orçamento com folha de pagamento de servidores, a relação patronal do servidor público com o povo, bem como a estabilidade funcional do servidor concursado... E por aí, vai divulgando a idéia  de que o povo é quem está pagando o pato e de que, nos bastidores da greve, há interesses  políticos-partidários; quando é visível a trama politiqueira do atual prefeito em deixar o servidor na mão agora, para que no próximo ano possa se mostrar mais generoso, em busca de apoio político para eleger mais um do clã dos Torres à Assembléia Legislativa. Esta não vai pegar ...

Pois é ... nesta trama, muitas vezes os personagens se revezam. O Prefeito era o mocinho forasteiro, que apareceria na cidade para “RESOLVER”  todos os problemas. Agora, está dando uma de bandido light, que tira do trabalhador para dar aos empresários. Os servidores públicos, para a mídia, são irresponsáveis, preguiçosos, folgados, abusados ...  só porque, estão fazendo uso de um direito legítimo: GREVE contra a indiferença de um paseudo-administrador, que também não é nem um pouco “político”, no verdadeiro sentido de buscar o bem comum, com transparência e diálogo.

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