VIA-SACRA
DO EDUCADOR
O trabalhador se vê à mercê de um sistema econômico chamado
capitalismo. Esse sistema impõe ao homem a escravidão e a dependência total do
dinheiro. Muitos para consegui-lo abrem mão do conforto modesto de sua casa, do
carinho dos filhos e esposa para encarar uma jornada dolorosa. Justamente nesse
grupo encontram-se os educadores, que não desistem do que fazem, até mesmo
porque o magistério também é uma vocação, um dom. Por outro lado, como vítimas deste
capitalismo selvagem precisam lutar por melhores salários, uma vez que os mesmos
necessitam de sobreviver também. E
assim, desvalorizados pelo sistema e pela sociedade, muitos acabam encontrando
dor e sofrimento na sua via crucis:
1ª Estação: Eu fui condenado por ter
escolhido o exercício do magistério, quando a mesma era uma das profissões mais
dignas e respeitadas por toda a sociedade, embora não me valorizasse
financeiramente.
2ª Estação: Eu recebi com amor a minha “cruz”: alunos indisciplinados e de famílias
desestruturadas , baixos salários ... Enquanto
muitos pais já abandonaram a sua cruz, eu a abraço e a assumo com amor, porque
essa é a minha missão.
3ª Estação: Por mais que eu me
dedicasse àquela cruz, o seu peso fez com que eu caísse, porque o que pesava,
na realidade, era a minha preocupação com o aprendizado de meus alunos.
Entretanto, encontrei forças para me levantar.
4ª Estação: Encontrei com a minha mãe e
seu olhar de amor foi um conforto para mim. Ela me viu também como uma “mãe”,
porque muitas vezes ela teve que me entregar nas mãos dos meus professores ...
e confiar.
5ª Estação: Na minha caminhada,
encontrei um sindicato que me ajudou a carregar a minha cruz ... Ele não podia
carregá-la por mim, mas me deu apoio sofreu comigo...
6ª Estação: Os bons alunos enxugaram as
minhas lágrimas. Eles compreenderam todo o meu sofrimento e estiveram do meu
lado o tempo todo, identificando-se
comigo.Tornamo-nos grandes amigos.
7ª Estação: Eu caí novamente. Meu
sofrimento foi ainda maior porque simboliza as faltas de reajustes e de
aumentos salariais. Mas eu me levantei novamente, porque entendia que, apesar
de toda a minha fraqueza, eu precisava continuar a minha caminhada.
8ª Estação: Encontrei com as bondosas
mães de meus alunos que se compadeceram de mim, querendo amenizar o meu
sofrimento. Então eu disse-lhes: “ Não chores por mim. Chorem por vocês mesmas
e sobre os seus filhos”.
9ª Estação: Exausto, eu caí pela
terceira vez. Já estava quase sem forças e o meu “patrão” se aproveitou desta
minha situação. Mesmo sabendo que as leis foram alteradas numa tentativa de me
valorizar, decidiu por desconheceram-nas e me deu as costas.
10ª Estação: Como o meu patrão não quer me dar mais nada, vem tentando retirar todos os meus direitos e vantagens
conquistadas ao longo dos anos ... Mas não conseguirão, enquanto a minha honra
e a minha dignidade se fizerem presentes na minha luta do dia a dia.
... Por quanto
tempo mais teremos que agüentar tanto sofrimento e tanto descaso dos governantes,
desde a esfera federal até a municipal, e sua conivência com todas essas práticas imorais para com os educadores
de nosso país?
... Enfim, não posso dar continuidade à
escrita desta triste página da minha história, porque nenhum sofrimento se iguala ao Daquele que foi
crucificado, morreu, foi sepultado, subiu aos céus e ressurgiu dos mortos. Mas,
uma coisa é certa: Todos nós seremos julgados por Ele, inclusive vocês,
senhores governantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja Bem Vindo !! Seu comentário é muito importante!