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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

TRAJETÓRIA DE UM GRANDE EMPREENDEDOR


Monlevade, perde um dos mais importantes construtores de seu progresso: Ulete Motta. Em vida, ele nos ensinou a arte da humildade e foi, com certeza, um grande batalhador, deixando-nos muitas lições de vida.
Em 2010, A revista "A Chance" trouxe em sua 2ª edição, sua mini-biografia, a qual repasso a você, leitor. Vale a pena conferir:












Ulete Motta nasceu no dia 08 de setembro de 1918 em Santa Rita, município de São Domingos do Prata.Lá viveu até os dois anos de idade.Sua primeira memória de infância é aos três anos e meio de idade quando nasceu uma de suas irmãs em Pantaleão. Depois disso, moraram em Vargem Linda e em São Domingos do Prata. Aos seis anos já brincava de “vendeiro” e lembra de uma frase de sua mãe nada incentivadora.Ela dizia: “Quem nasceu pra tatu tem que viver cavando”.Referindo-se ao fato de quem nasceu pobre e na roça deveria viver assim.

Em 1926, aos oito anos de idade,vendia biscoitos para as vizinhas no povoado de Santa Isabel, perto da BR 262, para ajudar a família. Em1928, volta para Santa Rita onde começa os estudos: 1º, 2º e 3ºano.  Alguns anos depois foi morar no Prata e lá concluiu o 4 º ano. Trabalhava na roça pela manhã e tinha que andar 6 km até chegar à escola. Mesmo com toda dificuldade, terminou os estudos com 14 anos, sendo uns dos melhores da turma. Já que tinha inclinação para o comércio, não queria trabalhar na roça. Foi para a “Fazenda do Paiva” trabalhar como feitor. Tomava conta de uma turma de 20 pessoas, entre mulheres e crianças, que trabalhavam na capina. Quando alguém se atrasava, ajudava com a enxada. Também lá começou a estudar música e se tornou um talentoso tocador de trombone. Permaneceu nesta fazenda por oito anos. Em maio de 1941, começou a trabalhar em uma venda em Vargem Linda. Ganhava menos que na fazenda, mas fazendo o que gostava.

 Em dezembro de 1941, foi chamado para o ofício em uma mineradora, mas não chegou a começar, pois recebeu um convite para trabalhar em um armazém na roça. Manifestando seu tino comercial, fez uma proposta ao patrão de abrir um armazém em sociedade na cidade.

Em 1943, comprou a parte do sócio e teve seu 1º estabelecimento comercial.
Em setembro de 1943, casou-se com Dona Solita (1923-2000), sua companheira por 57 anos. Em 1944, veio a João Monlevade a passeio com sua esposa. Como já era músico experiente, foi convidado pelo maestro da cidade para tocar na banda. Este lhe prometera emprego caso viesse. Já estava com exame médico  marcado na Companhia Belgo Mineira quando recebeu a notícia que sua esposa passara mal e quase abortara seu primeiro filho. Voltou às pressas para Vargem Linda, mas no dia seguinte regressou à Belgo. Felizmente, como ele mesmo diz, não conseguiu passar no exame porque estava com pressão alta.

Neste meio tempo, já havia vendido seu armazém na Vargem. Tentou emprego em vários lugares, mas não conseguia por causa da pressão alta. Conseguiu então um trabalho na venda de um espanhol em Barão de Cocais. Sua esposa e filha ficaram em Vargem Linda. Começou com salário mínimo e depois de 15 dias foi transferido para um armazém na roça em Rio Piracicaba. Andou sete léguas a pé para buscar a esposa em casa. Era funcionário dedicado, melhorou as condições da fazenda, mandou consertar moinhos estragados, capinou em volta. Era querido pelo proprietário e lá ficou por três anos. Mudou-se para Caxambu para ser gerente de outro armazém do Espanhol. Fazia de tudo: administrava, fazia a escrita, vendia, mantinha o estabelecimento limpo e organizado. Ao todo, foram 12 anos trabalhando para o estrangeiro. Com dificuldade e muito trabalho, conseguiu comprar uma casinha em Caxambu. Nela, fez  algumas reformas. Depois de três anos, vendeu e foi com a família, agora com oito filhos, para João Monlevade. Com o dinheiro da casa e do acerto com o antigo patrão, entrou como sócio  do armazém Cota Melo e Cia Ltda, com mais dois companheiros. Em 1º de janeiro de 1961, foi feito o primeiro balanço do estabelecimento que vendia toucinho, fumo, cereal. Com sua entrada na sociedade, foram
introduzindo  produtos de materiais de construção como: material elétrico, cimento e telha. Com cinco anos de trabalho, um dos sócios vendeu sua parte aos outros dois, e com mais nove anos comprou o restante da loja tornando- se o único proprietário. A partir dessa data, o armazém mudou de nome e passou a se chamar ULETE
MOTA e CIA LTDA.

Hoje, em 2010, aos 91 anos, goza de saúde e lucidez admirável. Todos os dias, caminha e faz questão de estar presente em sua loja, conversando com os clientes amigos e prestando atenção em tudo que acontece. Os filhos administram a empresa e ele aguarda ansioso pelo ano de 2011, quando o depósito Ulete Mota completará 50 anos de
atividade.

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